O cortiço


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Isaura despertando de suas pungentes e amargas preocupações tomou seu balainho de costura e ia deixar o salão, resolvida a sumir-se no mais escondido recanto da casa, ou amoitar-se em algum esconderijo do pomar. Esperava assim esquivar-se à repetição de cenas indecentes e vergonhosas, como essas por que acabava de passar. Apenas dera os primeiros passos foi detida por uma extravagante e grotesca figura, que penetrando no salão veio postar-se diante de seus olhos. ton_1
Isaura, se réveillant de ses préoccupations poignantes et amères, ramassa son sac à couture et s'apprêtait à quitter le salon, bien décidée à disparaître dans le coin le plus caché de la maison, ou à se cacher dans quelque cachette du verger. Il espérait ainsi éviter la répétition de scènes indécentes et honteuses, comme celles qu'il venait de vivre. Elle avait à peine fait les premiers pas qu'elle fut arrêtée par une figure extravagante et grotesque qui, pénétrant dans la salle, vint se dresser devant ses yeux.

Era um monstrengo afetando formas humanas, um homúnculo em tudo mal construído, de cabeça enorme, tronco raquítico, pernas curtas e arqueadas para fora, cabeludo como um urso, e feio como um mono. Era como um desses truões disformes, que formavam parte indispensável do séquito de um grande rei da Média Idade, para divertimento dele e de seus cortesões. A natureza esquecera de lhe formar o pescoço, e a cabeça disforme nascia-lhe de dentro de uma formidável corcova, que a resguardava quase como um capuz. Bem reparado todavia, o rosto não era muito irregular, nem repugnante, e exprimia muita cordura, submissão e bonomia. ton_2
C'était un monstre affectant les formes humaines, un homoncule mal bâti, avec une tête énorme, un tronc rabougri, des jambes courtes et arquées, poilu comme un ours et laid comme un singe. Il ressemblait à un de ces trolls difformes qui faisaient partie indispensable de la suite d'un grand roi du moyen âge, pour son amusement et celui de ses courtisans. La nature avait oublié de former son cou, et sa tête déformée naquit de l'intérieur d'une formidable bosse, qui l'abrita presque comme un capuchon. Bien réparé cependant, le visage n'était ni trop irrégulier, ni répugnant, et exprimait beaucoup de bonté, de soumission et de bonhomie.

Isaura teria soltado um grito de pavor, se há muito não estivesse familiarizada com aquela estranha figura, pois era ele, sem mais nem menos, o senhor Belchior, fiel e excelente ilhéu, que há muitos anos exercia naquela fazenda mui digna e conscienciosamente, apesar de sua deformidade e idiotismo, o cargo de jardineiro. Parece que as flores, que são o símbolo natural de tudo quanto é belo, puro e delicado, deviam ter um cultor menos disforme e repulsivo. Mas quis a sorte ou o capricho do dono da casa estabelecer aquele contraste, talvez para fazer sobressair a beleza de umas à custa da fealdade do outro. ton_3
Isaura hätte einen Schrei des Entsetzens ausgestoßen, wenn sie nicht schon seit langem an diese merkwürdige Gestalt gewohnt gewesen wäre, denn es war ganz einfach Herr Belchior, treuer und hervorragender Inselbewohner, der schon seit langem auf dem Gute würdig und gewissenhaft, trotz seiner Unförmigkeit und seines beschränkten Geistes, als Gärtner tätig war. Es schien also ob die Blumen, die das natürliche Symbol der Schönheit sind, rein und zart, einen Züchter bräuchten, der weniger unförmig und abstoßend ist. Das Schicksal oder die Laune des Herr des Hauses wollte aber, vielleicht um die Schönheit der einen durch die Hässlichkeit des anderen noch mehr herauszustreichen, diesen Kontrast schaffen.

Belchior tinha em uma das mãos o vasto chapéu de palha, que arrastava pelo chão, e com a outra empunhava. não um ramalhete, mas um enorme feixe de flores de todas as qualidades, à sombra das quais procurava eclipsar sua desgraciosa e extravagante figura. Parecia um desses vasos de louça, de formas fantásticas e grotescas, que se enchem de flores para enfeitar bufetes e aparadores. ton_4
Melchior tenait d'une main son vaste chapeau de paille qu'il traînait à terre, et de l'autre il le brandissait. non pas un bouquet, mais un énorme bouquet de fleurs de toutes qualités, à l'ombre duquel elle cherchait à éclipser sa silhouette disgracieuse et extravagante. Il ressemblait à un de ces vases de porcelaine, aux formes fantastiques et grotesques, qu'on remplit de fleurs pour décorer buffets et buffets.

—Valha-me Deus! — pensou Isaura ao dar com os olhos no jardineiro. — Que sorte é a minha! ainda mais este!... este ao menos é de todos o mais suportável: os outros me amofinam, e atormentam: este as vezes me faz rir. ton_5
-Bon dieu! pensa Isaura en apercevant le jardinier. « Quelle chance j'ai ! celle-ci encore plus !... celle-là au moins est la plus supportable de toutes : les autres m'agacent, et me tourmentent : celle-ci me fait parfois rire.

— Muito bem aparecido, senhor Belchior! então, o que deseja? — Senhora Isaura, eu... eu... vinha... — resmungou embaraçado o jardineiro. —Senhora!... eu senhora!... também o senhor pretende caçoar comigo, senhor Belchior?. ton_6 .
— Très bien présenté, monsieur Belchior ! alors, qu'est-ce que vous voulez? "Madame Isaura, je... je... suis venu..." marmonna le jardinier gêné. — Madame !... Moi, madame !... Avez-vous aussi l'intention de vous moquer de moi, monsieur Belchior ?

— Eu caçoar com a senhora!... não sou capaz... minha língua seja comida de bichos, se eu faltar com o respeito devido à senhora... Vinha trazer-lhe estas froles, se bem que a senhora mesma é uma frol... — Arre lá, senhor Belchior!... sempre a dar-me de senhora!... se continua por essa forma, ficamos mal, e não aceito as suas froles... Eu sou Isaura, escrava da senhora D. Malvina; ouviu, senhor Belchior! — Embora lá isso; e soverana cá deste coração, e eu, menina, dou-me por feliz se puder beijar-te os pés. Olha, Isaura... ton_7
— Moi qui me moque de toi !... je n'en suis pas capable... Ma langue est de la pâture pour les bêtes, si je te manque de respect... Je suis venu t'apporter ces froufrous, bien que toi-même tu sois un batifoleur. ... - Au diable, monsieur Belchior !... toujours faire semblant d'être une dame !... si vous continuez comme ça, nous serons mal en point, et je n'accepterai pas vos fioritures... Je Je suis Isaura, l'esclave de la dame D. Malvina ; entendu, monsieur Belchior ! — Quoique là ça; et souveraine de ce cœur, et moi, fille, je me considère heureuse si je peux baiser tes pieds. Regarde, Isaura...

— Ainda bem! Agora sim; trate-me desse modo. — Olha, Isaura, eu sou um pobre jardineiro, lá isso é verdade; mas sei trabalhar, e não hás de achar vazio o meu mealheiro, onde já tenho mais de meio mil cruzados. Se me quiseres, como eu te quero, arranjote a liberdade, e caso-me contigo, que também não és para andar aí assim como escrava de ninguém. ton_8
- Heureusement! Maintenant oui; traite-moi ainsi. — Écoute, Isaura, je suis un pauvre jardinier, c'est vrai ; mais je sais travailler, et tu ne trouveras pas ma tirelire vide, où j'ai déjà plus d'un demi-millier de cruzeiros. Si tu me veux, comme je te veux, prends ta liberté, et je t'épouserai, parce que tu ne seras pas comme l'esclave de qui que ce soit.

— Muito obrigada pelos seus bons desejos; mas perde seu tempo, senhor Belchior. Meus senhores não me libertam por dinheiro nenhum. — Ah! deveras!... que malbados!... ter assim no catibeiro a rainha da Jermosura!... mas não importa, Isaura; terei mais gosto em ser escravo de uma escrava como tu, do que em ser senhor dos senhores de cem mil cativos. Isaura!... não fazes idéia de como te quero. Quando vou molhar as minhas froles, estou a lembrar-me de ti com uma soidade!... ton_9
— Merci beaucoup pour vos bons vœux; mais vous perdez votre temps, monsieur Belchior. Mes maîtres ne me libéreront pas pour de l'argent. - Oh! vraiment !... quel salaud !... avoir la reine de Jermosura dans une cabane comme ça !... mais peu importe, Isaura ; Je serais plus heureux d'être l'esclave d'un esclave comme vous que d'être le seigneur des seigneurs de cent mille captifs. Isaura !... tu ne sais pas à quel point je t'aime. Quand je vais mouiller mes serviettes, je me souviens de toi avec une âme !...

— Deveras! ora viu-se que amor!... — Isaura! — continuou Belchior, curvando os joelhos, — tem piedade deste teu infeliz cativo... — Levante-se, levante-se, — interrompeu Isaura com impaciência. — Seria bonito que meus senhores viessem aqui encontrá-lo fazendo esses papéis!... que estou-lhe dizendo?... ei-los aí!... ah! senhor Belchior! De feito, de um lado Leôncio, e de outro Henrique e Malvina, os estavam observando. ton_10
"En effet! eh bien, tu vois quel amour !... — Isaura ! — continua Melchior en fléchissant les genoux, — aie pitié de ton malheureux captif... — Lève-toi, lève-toi, interrompit Isaura avec impatience. — Ce serait bien si messeigneurs venaient ici vous trouver en train de faire ces journaux !... que dis-je ?... les voilà !... ah ! Seigneur Belchior ! En effet, d'un côté, Léontius, et de l'autre, Henrique et Malvina, les regardaient.

Henrique, tendo-se retirado do salão, despeitado e furioso contra seu cunhado, assomado e leviano como era, foi encontrar a irmã na sala de jantar, onde se achava preparando o café e ali em presença dela não hesitou em desabafar sua cólera, soltando palavras imprudentes, que lançaram no espírito da moça o germe da desconfiança e da inquietação. ton_11
Henrique, s'étant retiré du salon, énervé et furieux contre son beau-frère, tout brutal et frivole qu'il était, alla trouver sa sœur dans la salle à manger où l'on préparait le café et là, en sa présence, il n'hésita pas à exprimer sa colère, à laisser échapper des paroles imprudentes, qui semèrent dans l'esprit de la jeune fille le germe de la méfiance et de l'inquiétude.

— Este teu marido, Malvina, não passa de um miserável patife — disse bufando de raiva. — Que estás dizendo, Henrique?!... que te fez ele?... – perguntou a moça, espantada com aquele rompante. —Tenho pena de ti, minha irmã... se soubesses... que infâmia!... — Estás doido, Henrique!... o que há então? — Permita Deus que nunca o saibas!... que vilania!... ton_12
« Votre mari, Malvina, n'est rien d'autre qu'un misérable scélérat », dit-il, soufflant de rage. — Qu'est-ce que tu racontes, Henrique ?!... qu'est-ce qu'il t'a fait ?... - demanda la jeune fille, surprise par cet éclat. — Je te plains, ma sœur... si tu savais... quelle honte !... — Tu es fou, Henrique !... qu'y a-t-il donc ? — Dieu veuille que vous ne sachiez jamais !... quelle méchanceté !...

— O que houve então, Henrique?... fala, explica-te por quem és, — exclamou Malvina, pálida e ofegante no cúmulo da aflição. — Oh! que tens?... não te aflijas assim, minha irmã, - respondeu Henrique, já arrependido das loucas palavras que havia soltado. Tarde compreendeu que fazia um triste e deplorável papel, servindo de mensageiro da discórdia e da desconfiança entre dois esposos, que até ali viviam na mais perfeita harmonia e tranquilidade. Tarde e em vão procurou atenuar o terrível efeito de sua fatal indiscrição. ton_13
« Que s'est-il donc passé, Henrique ?... Parle, explique-toi qui tu es », s'écria Malvina, pâle et haletante au comble de sa détresse. -Oh! qu'est-ce qu'il y a ?... ne t'inquiète pas comme ça, ma sœur, - répondit Henrique, regrettant déjà les paroles folles qu'il avait prononcées. Tarde comprit qu'il jouait un rôle triste et déplorable, servant de messager de la discorde et de la méfiance entre deux époux qui avaient jusque-là vécu dans la plus parfaite harmonie et tranquillité. Tard et en vain, il chercha à atténuer le terrible effet de sa fatale indiscrétion.

— Não te inquietes, Malvina, continuou ele procurando sorrir-se; - teu marido é um formidável turrão, eis aí tudo; não vás pensar que nos queremos bater em duelo. — Não; mas vieste espumando de raiva, com os olhos em fogo, e com um ar... — Qual!... pois não me conheces?... sempre fui assim; por – dá cá aquela palha — pego fogo, mas também é fogo de palha. — Mas pregaste-me um susto!... — Coitada!... toma isto, — disse-lhe Henrique, oferecendo-lhe uma xícara de café, é a melhor coisa que há para aplacar sustos e ataques de nervos. ton_14
« Ne t'inquiète pas, Malvina, continua-t-il en essayant de sourire ; - ton mari est un redoutable turrão, c'est tout ; n'allez pas croire que nous voulons nous battre en duel. - Non; mais tu es revenu écumant de rage, les yeux en feu, et d'un air... — Quoi !... pourquoi tu ne me connais pas ? par - donne-moi cette paille - je prends feu, mais c'est aussi un feu de paille. — Mais tu m'as fait peur !... — La pauvre !... prends ça, — dit Henrique en lui offrant une tasse de café, c'est ce qu'il y a de mieux pour apaiser les frayeurs et les crises de nerfs.

Malvina procurou acalmar-se, mas as palavras do irmão tinham-lhe penetrado no âmago do coração, como a dentada de uma víbora, aí deixando o veneno da desconfiança. O aparecimento de Leôncio, que vinha do salão, pôs termo a este incidente. Os três tomaram café à pressa e sem trocarem palavras; estavam já ressabiados uns com outros, olhavam-se com desconfiança, e de um momento para outro a discórdia insinuara-se no seio daquela pequena família, ainda há pouco tão feliz, unânime e tranqüila. Tomado o café retiraram-se, mas todos por um impulso instintivo, dirigiram seus passos para o salão, Henrique e Malvina de braços dados pelo grande corredor da entrada, e Leôncio sozinho por compartimentos interiores, que comunicavam com o salão. ton_15
Malvina tenta de se calmer, mais les paroles de son frère avaient pénétré jusqu'au fond de son cœur, comme la morsure d'une vipère, y laissant le poison de la méfiance. L'apparition de Leôncio, qui venait de la salle, mit fin à cet incident. Les trois buvaient du café en hâte et sans échanger de mots ; ils se méfiaient déjà l'un de l'autre, se regardaient avec méfiance, et d'instant en instant la discorde s'était glissée au sein de cette petite famille, si heureuse, unanime et paisible il y a encore peu de temps. Après le petit déjeuner, ils se retirèrent, mais tous d'instinct, se dirigèrent vers le salon, Henrique et Malvina bras dessus bras dessous le long du grand vestibule de l'entrée, et Leôncio seul par les compartiments intérieurs, qui communiquaient avec le salon.

Era ali com efeito que se achava o pomo fatal, mas inocente, que devia servir de instrumento da desunião e descalabro daquela nascente família. Chegaram ainda a tempo de presenciar o final da cena ridícula, que Belchior representava aos pés de Isaura. Leôncio, porém, que os espiava através das sanefas entreabertas de uma alcova, não avistava Henrique e Malvina, que haviam parado no corredor junto à porta da entrada. ton_16
C'est là, en effet, que fut retrouvé le Vif d'Or fatal mais innocent, qui devait servir d'instrument à la désunion et au désastre de cette famille naissante. Ils arrivèrent juste à temps pour assister à la fin de la scène ridicule que Belchior joua aux pieds d'Isaura. Leôncio, cependant, qui les espionnait à travers les lambrequins entr'ouverts d'une alcôve, ne vit pas Henrique et Malvina, qui s'étaient arrêtés dans le couloir près de la porte d'entrée.

— Oh! oh! — exclamou ele no momento em que Belchior prostrava-se aos pés de Isaura. Creio que tenho dentro de casa um ídolo, diante do qual todos vêm ajoelhar-se e render adorações!... até o meu jardineiro!... Olá, senhor Belchior, está bonito!... Continue com a farsa, que não está má... mas para tratar dessa flor não precisamos de seus cuidados, não; tem entendido, senhor Belchior!... — ton_17
-Oh! Oh! s'exclama-t-il tandis que Melchior se prosternait aux pieds d'Isaura. Je crois que j'ai une idole dans ma maison, devant laquelle tout le monde vient s'agenouiller et adorer !... Même mon jardinier !... Bonjour, M. Belchior, il est beau !... Continuez la farce, j'ai gagné c'est mauvais... mais pour prendre soin de cette fleur nous n'avons pas besoin de vos soins, non ; Vous comprenez, monsieur Belchior !... —

Perdão, senhor meu, — balbuciou o jardineiro erguendo-se trêmulo e confuso; — eu vinha trazer estas froles para os basos da sala... — E apresentá-las de joelhos!... essa é galante!... Se continua nesse papel de galã, declaro-lhe que o ponho pela porta fora com dois pontapés nessa corcova. ton_18
je vous demande pardon, monseigneur, balbutia le jardinier en se levant tremblant et confus ; — Je suis venu apporter ces volants au sous-sol de la salle... — Et les présenter sur mes genoux !... c'est galant !... Si tu continues dans ce rôle d'idole, je déclare que je vais te jeter à la porte avec deux coups de pied dans cette bosse.

Corrido, confuso e azoinado, Belchior, cambaleando e esbarrando pelas cadeiras, lá se foi às cegas em busca da porta da rua. — Isaura! ó minha Isaura! — exclamou Leôncio saindo da alcova, avançando com os braços abertos para a rapariga, e dando à voz até ali áspera e rude, a mais suave e tema inflexão. ton_19
Pressé, confus et aigri, Melchior, titubant et se cognant contre les chaises, partit aveuglément à la recherche de la porte de la rue. — Isaura ! Oh mon Isaura ! s'écria Leôncio, sortant de l'alcôve, s'avançant à bras ouverts vers la jeune fille, et donnant de sa voix, jusque-là rauque et rauque, l'inflexion la plus douce et la plus effrayante.

Um ai agudo e pungente, que ecoou pelo salão, o faz parar mudo, gélido e petrificado. Tinha avistado no meio da porta Malvina, que, pálida e desfalecida, ocultava a fronte no ombro de seu irmão, que a amparava nos braços. — Ah! meu irmão! — exclamou ela voltando de seu delíquio, — agora compreendo tudo que ainda há pouco me dizias. ton_20
Un malheur aigu et perçant, qui résonna dans la salle, le fit s'arrêter muet, froid et pétrifié. Il avait vu Malvina au milieu de la porte, qui, pâle et défaillante, cachait son front contre l'épaule de son frère qui la soutenait dans ses bras. - Oh! mon frère! — s'écria-t-elle en revenant de son délire, — maintenant je comprends tout ce que tu me disais tout à l'heure.

E com uma das mãos comprimindo o coração, que parecia querer-lhe estalar de dor, e com a outra escondendo no lenço as lágrimas, que dos formosos olhos lhe brotavam aos pares, correu a encerrar-se em seu aposento. ton_
Et d'une main serrant son cœur qui semblait vouloir éclater de douleur, et de l'autre cachant dans son mouchoir les larmes qui coulaient deux à deux de ses beaux yeux, elle se dépêcha de s'enfermer dans sa chambre.

Leôncio desconcertado pelo terrível contratempo, de que acabava de ser vítima, ficou largo tempo a passear, frenético e agitado, de um a outro lado, ao longo do salão, furioso contra o cunhado, a cuja impertinente leviandade atribuía as fatais ocorrências daquela manhã, que ameaçavam burlar todos os seus planos sobre Isaura, e excogitando meios de safar-se das dificuldades em que se via empenhado. ton_21
Leôncio, déconcerté par le terrible revers dont il venait d'être victime, arpenta longuement, frénétique et agité, le long du couloir, furieux contre son beau-frère, à la frivolité impertinente duquel il attribua les funestes événements de ce matin-là, qui menaçait de frauder tous ses plans concernant Isaura, et réfléchissait aux moyens de sortir des difficultés dans lesquelles il se trouvait impliqué.

Isaura, tendo resistido em menos de uma hora, a três abordagens consecutivas, dirigidas contra o seu pudor e isenção, aturdida, cheia de susto, confusão e vergonha, correu a esconder-se entre os laranjais como lebre medrosa, que ouve ladrarem pelos prados os galgos encarniçados a seguirem-lhe a pista. ton_22
Isaura, ayant résisté en moins d'une heure, à trois démarches consécutives, dirigées contre sa pudeur et son impartialité, étourdie, pleine d'effroi, de confusion et de honte, courut se cacher parmi les orangeraies comme un lièvre apeuré, qui entend aboyer dans les prés le des lévriers brûlants suivant sa piste.

Henrique altamente indignado contra o cunhado não lhe queria ver a cara; tomou sua espingarda e saiu disposto a passar o dia inteiro passarinhando pelos matos, e a retirar-se impreterivelmente para a corte ao romper do dia seguinte. Os escravos ficaram pasmos, quando à hora do almoço Leôncio achou-se sozinho à mesa. Leôncio mandou chamar Malvina, mas esta, pretextando uma indisposição, não quis sair de seu quarto. Seu primeiro movimento foi um ímpeto de cólera brutal; esteve a ponto de atirar toalha, pratos, talheres e tudo pelos ares, e ir esbofetear o desassisado e insolente rapaz, que em má hora viera à sua casa para perturbar a tranqüilidade do seu viver doméstico. ton_23
Henrique, très indigné contre son beau-frère, ne voulait pas voir son visage ; il prit son fusil et partit prêt à passer toute la journée à errer dans les bois, et à se retirer immanquablement à la cour le lendemain à l'aube. Les esclaves furent stupéfaits quand, à l'heure du déjeuner, Léonce se retrouva seul à table. Leôncio fit venir Malvina, mais celle-ci, sous prétexte d'être indisposée, ne voulut pas quitter sa chambre. Son premier mouvement fut un éclat de rage brutale ; il était sur le point de jeter une serviette, des assiettes, des couverts et tout en l'air, et d'aller gifler le garçon insouciant et insolent, qui était venu chez lui au mauvais moment pour troubler la tranquillité de sa vie domestique.

Mas conteve-se a tempo, e acalmando-se entendeu que melhor era não se dar por achado, e encarar com ares da maior indiferença e mesmo de desdém, os arrufos da esposa, e o mau humor do cunhado. Estava bem persuadido que lhe seria difícil, se não impossível, dissimular mais aos olhos da esposa o seu torpe procedimento; incapaz, porém, de retratar-se e implorar perdão, resolveu amparar-se da tempestade, que ia despenhar-se sobre sua cabeça, com o escudo da mais cínica indiferença. ton_24
Mais il se rattrapa à temps, et se calmant, il comprit qu'il valait mieux ne pas être pris pour acquis, et affronter d'un air de la plus grande indifférence et même avec dédain les emportements de sa femme et la mauvaise humeur de son beau-frère. Il était bien persuadé qu'il lui serait difficile, sinon impossible, de dissimuler davantage sa maladresse aux yeux de sa femme ; incapable cependant de se rétracter et de demander pardon, il décida de se protéger de l'orage qui allait s'abattre sur sa tête, avec le bouclier de la plus cynique indifférence.

Inspiravam-lhe este alvitre o orgulho, e o mau conceito em que tinha todas as mulheres, nas quais não reconhecia pundonor nem dignidade. Depois do almoço Leôncio montou a cavalo, percorreu as roças e cafezais, coisa que bem raras vezes fazia, e ao descambar do Sol voltou para casa, jantou com o maior sossego e apetite, e depois foi para o salão, onde, repoltreando-se em macio e fresco sofá, pôs-se a fumar tranqüilamente o seu havana. ton_25
Cette suggestion était inspirée par l'orgueil et la basse opinion dans laquelle il avait toutes les femmes, en qui il ne reconnaissait ni fierté ni dignité. Après le déjeuner, Leôncio monta à cheval, traversa les champs et les plantations de café, ce qu'il faisait rarement, et quand le soleil se coucha, il rentra chez lui, dîna avec la plus grande tranquillité d'esprit et d'appétit, puis se rendit au salon, où, allongé sur un canapé moelleux et frais, il fumait calmement son havane.

Nesse comenos chega Henrique de suas excursões venatórias, e depois de procurar em vão a irmã por todos os cantos da casa, vai enfim encontrá-la encerrada em seu quarto de dormir desfigurada, pálida, e com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. ton_26
A ce moment Henrique arrive de ses parties de chasse, et après avoir cherché en vain sa sœur dans tous les recoins de la maison, il la trouve enfin enfermée dans sa chambre, défigurée, pâle, les yeux rouges et gonflés d'avoir tant pleuré.

— Por onde andaste, Henrique?... estava aflita por te ver, — exclamou a moça ao avistar o irmão. — Que má moda é essa de deixar a gente assim sozinha!... — Sozinha?!... pois até aqui não vivias sem mim na companhia de teu belo marido?... — Não me fales nesse homem... eu andava iludida; agora vejo que andava pior do que sozinha, na companhia de um perverso. — Ainda bem que presenciaste com teus próprios olhos o que eu não tinha ânimo de dizer-te. Mas, vamos! que pretendes fazer?... ton_27
« Où étais-tu, Henrique ?... J'avais hâte de te voir », s'écria la jeune fille en voyant son frère. — Quelle mauvaise mode de laisser les gens seuls comme ça !... — Seuls ?!... parce que jusqu'ici tu ne pouvais pas vivre sans moi en compagnie de ton beau mari ?... — Non. parlez-moi de cet homme... Je me suis trompé; maintenant je vois que je marchais pire que seul, en compagnie d'un pervers. — Je suis content que tu aies vu de tes propres yeux ce que je n'ai pas eu le cœur de te dire. Mais allez ! Que comptez-vous faire?...

— O que pretendo?... vais ver neste mesmo instante... Onde está ele?... viste-o por ai?... — Se me não engano, vi-o no salão; havia lá um vulto sobre um sofá. — Pois bem, Henrique, acompanha-me até lá. — Por que razão não vais só? poupa-me o desgosto de encarar aquele homem... — Não, não; é preciso que vás comigo; estava à tua espera mesmo para esse fim. Preciso de uma pessoa que me ampare e me alente. Agora até tenho medo dele. — ton_28
— Qu'est-ce que je cherche à faire ?... tu vas le voir tout de suite... Où est-il ?... tu l'as vu dans le coin ?... — Si je ne me trompe pas, je l'ai vu dans le salon; il y avait là un personnage sur un canapé. "Eh bien, Henrique, viens avec moi là-bas." "Pourquoi n'y vas-tu pas seul ?" m'épargne le chagrin d'affronter cet homme... » « Non, non ; tu dois venir avec moi; Je t'attendais justement dans ce but. J'ai besoin de quelqu'un pour me soutenir et m'encourager. Maintenant, j'ai même peur de lui. —

Ah! compreendo; queres que eu seja teu guarda-costas, para poderes descompor a teu jeito aquele birbante. Pois bem; presto-me de boa vontade, e veremos se o patife tem o atrevimento de te desrespeitar. — Vamos! ton_29
Oh! Je comprends; tu veux que je sois ton garde du corps, donc tu peux décomposer ce birban à ta façon. Eh bien; Je me prête volontiers, et nous verrons si la crapule a l'audace de te manquer de respect. - Allons-y!



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